sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Vem aí Mais Chat-ice Xpto

Por Enrique Dans (*) O lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final de novembro do ano passado esteve na ribalta do mundo e deu-nos a conhecer uma tecnologia chamada aprendizagem automática capaz de executar um número surpreendente de coisas. Repare bem na linguagem. Não se trata de inteligência artificial, porque as máquinas não são inteligentes, mas simplesmente programadas para consultar bases de dados e utilizar estatísticas. Há anos que já se vem aplicando a automação avançada a todo o tipo de usos, mas o ChatGPT deslumbrou o mundo ao aplicar uma área específica da aprendizagem automática, os Modelos de Linguagem Grandes (LLM, Large Language Models), ao ambiente conversacional. A adesão é cada vez maior e as pessoas não o utilizam tanto para conversar, como seria o seu intuito inicial, mas sobretudo como motor de pesquisa. Esta reviravolta pode muito bem pôr em risco as duas décadas de hegemonia do Google. Hoje em dia, a carência de pensamento crítico no mundo é tal que muitas pessoas aceitam o primeiro resultado no Google como escrito na pedra. Digo-o de experiência. Recebi chamadas de muitas pessoas convencidas de que eu era o gerente do serviço de apoio ao cliente de uma companhia aérea espanhola simplesmente porque, há muito tempo, escrevi um artigo sobre o serviço de apoio ao cliente terrível da Air Europa que ficou indexado no topo do motor de busca da Google. Tente só convencer passageiros furiosos de que não é a pessoa a quem devem dirigir as suas queixas! Queriam lá saber o que lhes dizia: segundo tinham lido na página do motor de pesquisa, o Google dissera-lhes que eu era do serviço de apoio ao cliente da companhia aérea, portanto, só poderia estar a mentir. Assim, se as pessoas aceitam a palavra do Google cegamente, imagine como será com o ChatGPT. A resposta à sua pesquisa pode ser o mais perfeito disparate, mas isso não interessa nada: para muita gente, é pura verdade de fonte fiável. mais aqui https://tek.sapo.pt/opiniao/artigos/opiniao-o-chatgpt-e-o-declinio-do-pensamento-critico